Atravessamos mais um CONVERSAS DE
DANÇA... Se ano passado, apesar de potentes, fomos tímidos e sucintos, esse ano
nos transbordamos tanto que quase nos deixamos dispersar, sem perder a
potência, mas experimentando reorganizações de tempos, espaços, situações e
encontros mais laaaaaaaargos, mais leeeeeentos, mais oooooutros.
Foi linda a experiência do nosso
assalto criativo. Mesmo de maneira frágil, alguma coisa a que devemos dar
bastante atenção aconteceu. Muito ao contrário de dizer 'não' para algum tipo
de experiência de dança, começamos a ver novos grupos de pessoas dizendo 'sim'
para outros universos de relação e experiência sensível.
Nós fomos ao teatro, nos
amarramos e nos desamarramos, falamos de sonhos e métodos de notação mais ou
menos conscientes, reocupamos uma sala de música e a renomeamos, inventamos
pretextos mil para nos encontrarmos, mesmo que fosse só para uma sessão temática
de Youtube, traduzimos livremente do imagês pro dancês e qualquer vice-versa
que caiba aí. Nós fomos à rua, cortamos e colamos papéis monumentais, plantamos
nuvens e trouxemos velhinhos de volta à infância. Nós corremos, e corremos, e
corremos... criamos "sessions" faladas, dançadas e imaginadas. Nós
papeamos sobre fronteiras e sobre como dissolvê-las, bebemos cerveja, discutimos
e experimentamos outras energias e fluxos para nos movermos, assistimos a
danças de gente que tá longe, de gente que tá do nosso lado e de gente que
acabou de nascer. Nós olhamos para nossa memória e discutimos sobre fantasmas,
cozinhas e outras coroas da nossa história. Aí nós caminhamos, e caminhamos, e
caminhamos... como se desacelerássemos de uma corrida, mas só para emendar em
uma folia ainda mais extática.
E nós nomeamos isso tudo como
dança. Não como nosso amigo Duchamp, mas como a criança que não abandona sua
corrida de caminhões no deserto, mesmo quando o velho cético lhe pergunta: o
que você está fazendo com essas caixas de sapato?
Essa criança parece um bando se
juntando. Um bando de bandidos mais ou menos procurados pela lei, um bando de
bandidos crianças que fantasia e se fantasia com novas cores, novos contrastes,
não para se esconder, mas para dizer: ei, você que esqueceu de brincar, vem cá!
Sem certezas, ainda sem muita
ideia formada para falar sobre a experiência que é uma experiência... hesitante
(uma palavra bonita que ouvi essa semana), muitas vezes precário e potente
exatamente por isso. Acho que é isso que dá para falar desse tal de conversas
de dança, agora sem letras maiúsculas, sem o grito ou o pretenso tom de
grandiosidade.
Foi lindo olhar para esse bando
de novos e reincidentes bandidos brincando de dança durante um mês. Foi lindo
ver esse encontro/festival/evento - chamemos como quisermos - mexendo nas
estruturas do parquinho Petrópolis, mesmo que só mudando sutilmente a posição
das pedras que ficam debaixo do escorregador e quase ninguém vê.
Agradecemos profundamente a todos
os que acreditaram e participaram desse movimento. Agora vamos começar a
alimentar o blog e a página do Facebook com materiais dos encontros que
rolaram. Acompanhem que em breve voltaremos pro parquinho pra brincar mais.
Dá-lhe Medusa Kobra Khan!