domingo, 17 de novembro de 2013

PROGRAMAÇÃO!!!

Sim! Já temos a programação das CONVERSAS DE DANÇA!!

Confiram as atualizações do blog, nas páginas PROGRAMAÇÃO e INSCRIÇÕES para mais detalhes sobre o que vai rolar e como garantir sua vaga nas oficinas e no seminário.

Aproveitamos para apresentar os parceiros que ainda não haviam sido apresentados.

A bailarina, coreógrafa, produtora e professora Giselda Fernandes vai ministrar a oficina GARRAFÃO, que consiste também de um processo criativo para uma performance que será apresentada pelos próprios participantes, como culminância da oficina.

foto: Hilton Barreto


Aulas direcionadas para a criação de uma apresentação final baseada na performance “Garrafão” de Os Dois Companhia de Dança, obra que alude a questões sociais, urbanas e ambientais. A apresentação final pode ser realizada em espaço urbano e/ou espaço interno amplo, a definir no decurso do projeto.

Giselda Fernandes é bailarina, coreógrafa, produtora e professora, graduada pela Faculdade Angel Vianna (2004) com pós-graduação na UniverCidade (2006), onde desenvolveu a base teórica de seu trabalho coreográfico, o conceito de objeto-partner. Com sua premiada companhia, Os Dois Cia de Dança, produz espetáculos para o palco e performances onde o corpo e o objeto se relacionam. 


REGISTRO PARA ALÉM DO SERVIÇO TÉCNICO

Uma das nossas preocupações com as CONVERSAS DE DANÇA é de que todos os envolvidos no evento estejam, de alguma forma, propondo um diálogo estético com as ações que vamos desenvolver. Essa preocupação nos fez entender que inclusive os trabalhos de fotografia e vídeo não poderiam ser somente registros e deveriam ser também criações artísticas, uma vez que entendemos que as oficinas, seminários e apresentações também fazem parte de um processo profundamente criativo.

Então apresentamos os artistas Renato Mangolin e Leo Nabuco que proporão esse diálogo com a fotografia e o audiovisual, respectivamente, gerando um material que nos permita documentar, mas também expandir os alcances estéticos das CONVERSAS DE DANÇA.

João Sladanha - Piquenique urbano (foto: Renato Mangolin)


Giselda, Renato e Leo, muito obrigado pela parceria e sejam bem-vindos!

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Apresentação de peso

Já falamos da nossa atividade de seminário/conversa/chá da tarde, seja lá como podemos chamar o preciosíssimo encontro com Flávia Meireles e Mariana Patrício, através do Temas de Dança. Falamos também da potente oficina de treinamento da multiartista Marcela Levi. Agora faltou falar de alguém que estará apresentando seu trabalho em cena, para propor outro espaço de conversa para a dança.

Então a renomadíssima Denise Stutz, co-fundadora do Grupo Corpo que desde 2003 desenvolve um trabalho solo, nos dará a honra de apresentar um trecho da peça 3 SOLOS EM 1 TEMPO.

Muito obrigado Denise por nos presentear [com sua apresentação e com sua presença no evento]. Seja também muito bem vinda!

foto: Antonio Flor

Este trabalho é uma reflexão em cena sobre as minhas 3 criações: DeCor (2003), Absolutamente Só (2005) e Estudo para Impressões (2007). A questão da memória inscrita no meu corpo, as relações da minha identidade na dança, na cena e no movimento presentes nos 3 solos me permitiram brincar com o espaço e o tempo e transformar as 3 obras em uma só. Um jogo cênico. Em alguns momentos transformando a platéia em parceira e, em outros, convidando o espectador para um olhar de contemplação, imagens e pensamentos.

Denise Stutz iniciou seus estudos de dança em Belo Horizonte. Em 1975, junto com outros 10 bailarinos fundou o Grupo Corpo. Trabalhou com Lia Rodrigues como bailarina, professora e assistente de direção. Foi professora do curso técnico da Escola Angel Vianna. A partir de 2003 começa a desenvolver seu próprio trabalho solo apresentando-se no Brasil, Europa, África e Austrália.



quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Segundo apoiador

Para garantir que nosso evento seja realizado da melhor maneira possível, importantes apoios vêm sendo estabelecidos. E o RESTAURANTE SOBERANO GRILL entra no grupo oferecendo o almoço para os artistas convidados. 

Além disso, o restaurante tem um preço super acessível, para os participantes que queiram acompanhar a equipe nos almoços e assim manter o contato próximo durante o dia todo, afinal de contas nas CONVERSAS DE DANÇA não estamos interessados apenas em oficinas, seminários e apresentações. Queremos criar um espaço de diálogo ampliado que se estenda para diversas outras atividades, incluindo as horas de comer, tagarelar, silenciar... quem sabe um dia dormimos e acordamos todos juntos?!

O restaurante oferece opções para todos os gostos, inclusive para vegetarianos.

Parabéns ao Soberano Grill por esta parceria. Obrigado Carlão pela generosidade e simplicidade. A arte agradece e muito!


SOBERANO GRILL: Restaurante - Self-Service - Pizzaria

Self-Service com churrasco, sem balança, com 2 pedaços de carne ou massa

Segunda à Sexta: R$9,90
Sábados, Domingos e Feriados: R$11,90

Também oferece deliciosas opções A La Carte.

Horário: Segunda à Sexta das 11:00h às 15:30h
             Sábados, Domingos e Feriados das 11:00h às 16:00h

RUA NILO PEÇANHA, 23 - CENTRO (paralela à Rua do Imperador, lateral do Theatro D. Pedro)
Tel: 2231-7798

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Novos parceiros (parte 2)

E vamos lá! Cada vez avançando mais na nossa programação das CONVERSAS DE DANÇA. Agora apresentamos, também com muito prazer, a artista Marcela Levi, que ministrará uma oficina de treinamento físico para artistas intitulada TODA VEZ QUE EU DOU UM PASSO O MUNDO SAI DO LUGAR. Importante deixar claro que são bem vindos bailarinos, atores, performers, artistas visuais, músicos, estudantes e demais interessados.

Bem vinda Marcela e obrigado por participar conosco!

Em breve, inscrições abertas para as oficinas.


Partindo do treinamento físico estruturado pelo diretor de teatro Polonês Jerzy Grotowski serão trabalhadas questões relacionadas à presença do performer através de algumas premissas: A diminuição do lapso de tempo entre o impulso gerado pela imaginação e seu resultado em ação, a prática de um corpo que age em relação. O trabalho se dá de forma coletiva, isto é, todos habitam concomitantemente o espaço, através de uma partitura de ações: caminhadas, corridas, exercícios de salto, força, equilíbrio e alongamento; colocando em jogo as seguintes questões: Como observar o outro e a si mesmo ao mesmo tempo? Como povoar, dar corpo-presente ao movimento?

Marcela Levi é coreógrafa e performer. Foi artista residente no centro Les Recollets (FR), Programa Artistas en Residencia - Casa Encendida (ES), Espaço Azala, (ES), Laboratório de Criatividade Urbana - Capital Européia da Cultura 2012 (PT). Artista convidada no Rio Art Occupation, London Cultural Olympiad (UK). Seus trabalhos tem sido apresentados em festivais e centros de arte no Brasil, Europa e América Latina. Em 2010 fundou, com a coreógrafa argentina Lucía Russo, a Improvável Produções, responsável pela peça de grupo “Natureza Monstruosa” e pela intervenção urbana “Sandwalk with me”. Colaborou com Lia Rodrigues, Vera Mantero, Guillermo Gomez-Peña e Laura Erber, entre outros. 

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Novos parceiros

É sempre com prazer e entusiasmo que apresentamos novos parceiros das CONVERSAS DE DANÇA. Agora, as pesquisadoras Flávia Meireles e Mariana Patrício, através do projeto TEMAS DE DANÇA - REESTRUTURANDO HISTÓRIAS DA DANÇA, se juntam ao bando para propor um espaço de encontro e partilha que vai colaborar e muito com as nossas ações estéticas, pedagógicas e políticas na cidade.

Flávia e Mariana, sejam bem vindas e sintam-se desde já abraçadas.

Em breve serão abertas as inscrições para participação nos encontros do TEMAS DE DANÇA.

Clique na imagem para migrar para o website do TEMAS DE DANÇA

Serão dois dias de conversas na hora do chá da tarde com o público do festival e os artistas. O intuito das conversas é promover um espaço onde reflexão e ação em dança se encontrem a partir de algumas perguntas iniciais: O que a dança faz/move? Quem são suas referências em dança? Como podemos articular dança/pensamento?

O grupo de pesquisa Temas de Dança se dedica, desde 2011, a criar modos de pesquisar e produzir material de pesquisa em dança. O grupo se reuniu impulsionado pela necessidade de conceber um modo de acesso e de produção de arquivos culturais da dança no Brasil, aliando teoria e prática, afeto e intelecto. O material do grupo pode ser acessado em www.temasdedanca.com.br

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Tempo de chorar & tempo de dançar (& tempo de morrer)

Aproveitando a passagem das festividades do dia de finados, dos fiéis defuntos, dos mortos, seja da tradição cristã ou indígena (ou ambas), propomos aqui uma conversa-viagem (pouco preocupada com o rigor teórico) sobre a dança e sua relação com a morte.



No antigo livro bíblico de Eclesiastes, há um bonito trecho sobre o "tempo para tudo", que diz:

Tudo neste mundo tem o seu tempo;
cada coisa tem a sua ocasião.
Há tempo de nascer e tempo de morrer;
tempo de plantar e tempo de arrancar;
tempo de matar e tempo de curar;
tempo de derrubar e tempo de construir.
Há tempo de ficar triste e tempo de se alegrar;
tempo de chorar e tempo de dançar;
tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntá-las;
tempo de abraçar e tempo de afastar.
Há tempo de procurar e tempo de perder;
tempo de economizar e tempo de desperdiçar;
tempo de rasgar e tempo de remendar;
tempo de ficar calado e tempo de falar.
Há tempo de amar e tempo de odiar;
tempo de guerra e tempo de paz.

É interessante como ele propõe uma série de pares "opostos" complementares, do tipo "tristeza" e "alegria", "guerra" e "paz", "calar" e "falar", apresentando o choro (a lamentação) como o par da dança. "Tempo de chorar e tempo de dançar".

Thoinot Arbeau, um clérigo jesuíta francês que viveu no século XVI, e que ficou conhecido principalmente pela publicação de um importante manual de dança intitulado Orchesographie (que significa a escrita da dança), se apropria de Eclesiastes na epígrafe de seu manual, onde se lê: tempus plangendi, & tempus saltandi (tempo de chorar, & tempo de dançar).

E aí o professor brasileiro André Lepecki, no seu livro Exhausting Dance (que infelizmente ainda não foi traduzido para o português - super indico para quem lê inglês), faz uma análise muito legal da apropriação de Arbeau sobre a associação entre choro/lamentação (mourn) e dança (dance) do livro de Eclesiastes. É como se esse conectivo "&" sugerisse que o tempo de chorar/lamentar está diretamente ligado ao tempo do homem que dança a presença ausente do coreógrafo, aquele que escreveu a dança para que outros pudessem ler, interpretar seus signos e dançar, e que é o objeto de lamentação chorosa do bailarino que dança para celebrar a vida do coreógrafo, eternamente presente através da coreografia e ausente "em corpo".

Há nisso uma boa semelhança com as festividades ritualísticas/religiosas que celebram a vida daqueles que já morreram, quando os vivos visitam os mortos em seus túmulos para rezar por suas almas e, principalmente, para que os mortos não sejam esquecidos pelos vivos. Há nessa comparação uma sugestão da coreografia (o espírito do coreógrafo que visita e é visitado pelo bailarino) como um dispositivo de presença assombrosa, mesmo com o desaparecimento do seu autor.

Mas e quando uma dança não é escrita e seu(s) autore(s) morre(m)? E quando a dança não marca a vida eterna assombrosa e sim a morte por excesso de dança, por excesso de vida?

Diz a história que em 1518, um ano antes do nascimento de Arbeau, também na França, aconteceu um caso de "dançomania", conhecido como Epidemia de Dança, na qual dezenas de pessoas dançaram dias e dias sem descanso até caírem mortas. Com certeza, essas danças não tinham muita relação com uma eternização assombrosa, através de uma criação que seria o dispositivo privilegiado para tempos de chorar e tempos de dançar, para quem quisesse (e pudesse, já que o bailarino deveria ser capaz não só de interpretar os signos dessa escrita, mas também de executá-los) celebrar a vida desses "mestres" ausentes, visitando seus túmulos coreográficos.

Gravura de Henricus Hondius

Essas danças da morte não garantiram a eterna presença assombrosa dos autores-vítimas nas vidas daqueles que decidiriam mais tarde realizar/repetir/reproduzir suas danças, mas, elas abrem espaço para uma ampla discussão sobre a dança em seus aspectos "coreógrafico" e "espontâneo", como duas maneiras bastante distintas de lidar com a vida e a morte na dança. Dançar uma dança “morta” para celebrar a vida de outro e dançar uma dança “viva” para morrer por excesso.

O historiador de medicina John Waller escreveu um livro intitulado “A time to dance, a time do die – The extraordinarystory of the dancing plague of 1518” (tempo de dançar, tempo de morrer – a extraordinária história da epidemia de dança de 1518). Nesse livro, ele propõe que a epidemia de dança foi o sintoma (um fenômeno psicológico) de uma “doença” que envolvia principalmente o medo religioso e o desespero social do povo – ela teria sido algo como um último grande suspiro de vida para dezenas e centenas de pessoas que se viam já mortas, frente às condições de vida altamente exploradas da pobreza.


A título de curiosidade, vale lembrar que a tradução do título do livro de André Lepecki propõe um jogo interessante para "Exhausting Dance", que pode significar "Dança cansada", "Exaurindo a Dança" e até “Dança exaustiva”.