Por motivo de impossibilidade técnica para realizar as oficinas das CONVERSAS DE DANÇA na sala multiuso do Centro de Cultura Raul de Leoni (que não possui as características técnicas mínimas necessárias), as atividades "Toda vez que eu dou um passo o mundo sai do lugar" e "Garrafão" serão realizadas no palco do Theatro D. Pedro.
Agradecemos imensamente ao maestro Paulo Afonso que cedeu o espaço para o evento (o espaço do teatro está reservado para sua apresentação de música no dia 14 e, ainda assim, ele nos deixou utilizar o palco no horário da oficina) e também ao Paulo Tardin, diretor do Theatro D. Pedro, por ter tido a sensibilidade e a vontade política de abrir o espaço para que as atividades do evento possam ser realizadas com propriedade e equalizadas à excelência dos profissionais convidados.
UTILIZAREMOS A ENTRADA DE SERVIÇO (LATERAL) DO TEATRO
Todo o restante das atividades segue da mesma forma, sendo realizados no Centro de Cultura Raul de Leoni (CDC):
. Seminário/Chá da tarde - Sala Teatro Afonso Arinos
. Apresentação "3 solos em 1 tempo" - Sala Teatro Afonso Arinos
. Performance "Garrafão" - Espaço público (no centro histórico) a ser definido - próximo ao CDC
Tcharaaaaaaaaaam! Quer garantir a sua camisa das Conversas de Dança??? Essa é a hora! Corre porque nós confeccionamos apenas 50 camisas, em 3 modelos diferentes:
. T-shirt básica: 20 unidades
. Baby look: 10 unidades
. Camisão "estilo Neiva": 20 unidades
As camisas são 100% poliéster, com gola "V" e as artes impressas em sublimação. Os modelos estão em tamanho único, então é tipo baby look pra quem quer pequena, t-shirt média e estilo Neiva grande.
Valor: R$15,00
Para reservar a sua é só enviar um e-mail para conversasdedanca@gmail.com
Ihul! Nosso material gráfico tá em distribuição com força total, e uma das peças que estamos utilizando é o cartão-postal. Já que este funciona tanto como flyer quanto como uma carta (aquele meio antigo quase esquecido pelos terráqueos em tempos de walls, posts, likes, twitters e demais imediatos), queremos aproveitar o poder da carta pra aumentar o alcance e transformar um pouco as qualidades das nossas conversas.
Então o esquema é o seguinte: você, que vai participar ou não dos encontros em Petrópolis, tá afim de receber um postal das CONVERSAS DE DANÇA? É só preencher o formulário (neste link) com seu nome e endereço que a gente vai distribuir pro pessoal que estiver aqui em Petrópolis nos dias 14 e 15 de Dezembro. Aí essa pessoa pode te contar sobre a experiência dela ou sobre qualquer coisa que ela esteja afim de conversar com você.
Provavelmente você nem conheça a pessoa que vai te enviar um postal, mas, pra que servem as conversas senão pra gente se conhecer? Se inscreve aí e gera conversas! :)
Estamos nos últimos preparativos pras CONVERSAS DE DANÇA e acabamos de agregar mais um parceiro/apoiador muito importante: A confecção SALADA DE PANO, da queridíssima Danielly Martinho, vai confeccionar as camisas do evento.
Não estamos fazendo muitas camisas, mas, elas estarão à venda por R$15,00 nos dois dias de evento. Se quiser garantir a sua, mande um e-mail pra gente que a gente reserva.
Obrigado Danielly e sinta-se já agrupada ao bando Conversas de Dança!
Sim! Já temos a programação das CONVERSAS DE DANÇA!!
Confiram as atualizações do blog, nas páginas PROGRAMAÇÃO e INSCRIÇÕES para mais detalhes sobre o que vai rolar e como garantir sua vaga nas oficinas e no seminário.
Aproveitamos para apresentar os parceiros que ainda não haviam sido apresentados.
A bailarina, coreógrafa, produtora e professora Giselda Fernandes vai ministrar a oficina GARRAFÃO, que consiste também de um processo criativo para uma performance que será apresentada pelos próprios participantes, como culminância da oficina.
foto: Hilton Barreto
Aulas direcionadas para a criação de uma apresentação final baseada na performance “Garrafão” de Os Dois Companhia de Dança, obra que alude a questões sociais, urbanas e ambientais. A apresentação final pode ser realizada em espaço urbano e/ou espaço interno amplo, a definir no decurso do projeto.
Giselda Fernandes é bailarina, coreógrafa, produtora e professora, graduada pela Faculdade Angel Vianna (2004) com pós-graduação na UniverCidade (2006), onde desenvolveu a base teórica de seu trabalho coreográfico, o conceito de objeto-partner. Com sua premiada companhia, Os Dois Cia de Dança, produz espetáculos para o palco e performances onde o corpo e o objeto se relacionam.
Uma das nossas preocupações com as CONVERSAS DE DANÇA é de que todos os envolvidos no evento estejam, de alguma forma, propondo um diálogo estético com as ações que vamos desenvolver. Essa preocupação nos fez entender que inclusive os trabalhos de fotografia e vídeo não poderiam ser somente registros e deveriam ser também criações artísticas, uma vez que entendemos que as oficinas, seminários e apresentações também fazem parte de um processo profundamente criativo.
Então apresentamos os artistas Renato Mangolin e Leo Nabuco que proporão esse diálogo com a fotografia e o audiovisual, respectivamente, gerando um material que nos permita documentar, mas também expandir os alcances estéticos das CONVERSAS DE DANÇA.
João Sladanha - Piquenique urbano (foto: Renato Mangolin)
Giselda, Renato e Leo, muito obrigado pela parceria e sejam bem-vindos!
Já falamos da nossa atividade de seminário/conversa/chá da tarde, seja lá como podemos chamar o preciosíssimo encontro com Flávia Meireles e Mariana Patrício, através do Temas de Dança. Falamos também da potente oficina de treinamento da multiartista Marcela Levi. Agora faltou falar de alguém que estará apresentando seu trabalho em cena, para propor outro espaço de conversa para a dança.
Então a renomadíssima Denise Stutz, co-fundadora do Grupo Corpo que desde 2003 desenvolve um trabalho solo, nos dará a honra de apresentar um trecho da peça 3 SOLOS EM 1 TEMPO.
Muito obrigado Denise por nos presentear [com sua apresentação e com sua presença no evento]. Seja também muito bem vinda!
foto: Antonio Flor
Este trabalho é uma reflexão em cena sobre as minhas 3 criações: DeCor (2003), Absolutamente Só (2005) e Estudo para Impressões (2007). A questão da memória inscrita no meu corpo, as relações da minha identidade na dança, na cena e no movimento presentes nos 3 solos me permitiram brincar com o espaço e o tempo e transformar as 3 obras em uma só. Um jogo cênico. Em alguns momentos transformando a platéia em parceira e, em outros, convidando o espectador para um olhar de contemplação, imagens e pensamentos.
Denise Stutz iniciou seus estudos de dança em Belo Horizonte. Em 1975, junto com outros 10 bailarinos fundou o Grupo Corpo. Trabalhou com Lia Rodrigues como bailarina, professora e assistente de direção. Foi professora do curso técnico da Escola Angel Vianna. A partir de 2003 começa a desenvolver seu próprio trabalho solo apresentando-se no Brasil, Europa, África e Austrália.
Para garantir que nosso evento seja realizado da melhor maneira possível, importantes apoios vêm sendo estabelecidos. E o RESTAURANTE SOBERANO GRILL entra no grupo oferecendo o almoço para os artistas convidados.
Além disso, o restaurante tem um preço super acessível, para os participantes que queiram acompanhar a equipe nos almoços e assim manter o contato próximo durante o dia todo, afinal de contas nas CONVERSAS DE DANÇA não estamos interessados apenas em oficinas, seminários e apresentações. Queremos criar um espaço de diálogo ampliado que se estenda para diversas outras atividades, incluindo as horas de comer, tagarelar, silenciar... quem sabe um dia dormimos e acordamos todos juntos?!
O restaurante oferece opções para todos os gostos, inclusive para vegetarianos.
Parabéns ao Soberano Grill por esta parceria. Obrigado Carlão pela generosidade e simplicidade. A arte agradece e muito!
E vamos lá! Cada vez avançando mais na nossa programação das CONVERSAS DE DANÇA. Agora apresentamos, também com muito prazer, a artista Marcela Levi, que ministrará uma oficina de treinamento físico para artistas intitulada TODA VEZ QUE EU DOU UM PASSO O MUNDO SAI DO LUGAR. Importante deixar claro que são bem vindos bailarinos, atores, performers, artistas visuais, músicos, estudantes e demais interessados.
Bem vinda Marcela e obrigado por participar conosco!
Em breve, inscrições abertas para as oficinas.
Partindo do treinamento físico estruturado pelo diretor de teatro Polonês Jerzy Grotowski serão trabalhadas questões relacionadas à presença do performer através de algumas premissas: A diminuição do lapso de tempo entre o impulso gerado pela imaginação e seu resultado em ação, a prática de um corpo que age em relação. O trabalho se dá de forma coletiva, isto é, todos habitam concomitantemente o espaço, através de uma partitura de ações: caminhadas, corridas, exercícios de salto, força, equilíbrio e alongamento; colocando em jogo as seguintes questões: Como observar o outro e a si mesmo ao mesmo tempo? Como povoar, dar corpo-presente ao movimento?
Marcela Levi é coreógrafa e performer. Foi artista residente no centro Les Recollets (FR), Programa Artistas en Residencia - Casa Encendida (ES), Espaço Azala, (ES), Laboratório de Criatividade Urbana - Capital Européia da Cultura 2012 (PT). Artista convidada no Rio Art Occupation, London Cultural Olympiad (UK). Seus trabalhos tem sido apresentados em festivais e centros de arte no Brasil, Europa e América Latina. Em 2010 fundou, com a coreógrafa argentina Lucía Russo, a Improvável Produções, responsável pela peça de grupo “Natureza Monstruosa” e pela intervenção urbana “Sandwalk with me”. Colaborou com Lia Rodrigues, Vera Mantero, Guillermo Gomez-Peña e Laura Erber, entre outros.
É sempre com prazer e entusiasmo que apresentamos novos parceiros das CONVERSAS DE DANÇA. Agora, as pesquisadoras Flávia Meireles e Mariana Patrício, através do projeto TEMAS DE DANÇA - REESTRUTURANDO HISTÓRIAS DA DANÇA, se juntam ao bando para propor um espaço de encontro e partilha que vai colaborar e muito com as nossas ações estéticas, pedagógicas e políticas na cidade.
Flávia e Mariana, sejam bem vindas e sintam-se desde já abraçadas.
Em breve serão abertas as inscrições para participação nos encontros do TEMAS DE DANÇA.
Clique na imagem para migrar para o website do TEMAS DE DANÇA
Serão dois dias de conversas na hora do chá da tarde com o público do festival e os artistas. O intuito das conversas é promover um espaço onde reflexão e ação em dança se encontrem a partir de algumas perguntas iniciais: O que a dança faz/move? Quem são suas referências em dança? Como podemos articular dança/pensamento?
O grupo de pesquisa Temas de Dança se dedica, desde 2011, a criar modos de pesquisar e produzir material de pesquisa em dança. O grupo se reuniu impulsionado pela necessidade de conceber um modo de acesso e de produção de arquivos culturais da dança no Brasil, aliando teoria e prática, afeto e intelecto. O material do grupo pode ser acessado em www.temasdedanca.com.br
Aproveitando a passagem das
festividades do dia de finados, dos fiéis defuntos, dos mortos, seja da
tradição cristã ou indígena (ou ambas), propomos aqui uma conversa-viagem
(pouco preocupada com o rigor teórico) sobre a dança e sua relação com a morte.
No antigo livro bíblico de
Eclesiastes, há um bonito trecho sobre o "tempo para tudo", que diz:
Tudo neste mundo tem o seu tempo;
cada coisa tem a sua ocasião.
Há tempo de nascer e tempo de
morrer;
tempo de plantar e tempo de
arrancar;
tempo de matar e tempo de curar;
tempo de derrubar e tempo de
construir.
Há tempo de ficar triste e tempo
de se alegrar;
tempo de chorar e tempo de
dançar;
tempo de espalhar pedras e tempo
de ajuntá-las;
tempo de abraçar e tempo de
afastar.
Há tempo de procurar e tempo de
perder;
tempo de economizar e tempo de
desperdiçar;
tempo de rasgar e tempo de
remendar;
tempo de ficar calado e tempo de
falar.
Há tempo de amar e tempo de
odiar;
tempo de guerra e tempo de paz.
É interessante como ele propõe
uma série de pares "opostos" complementares, do tipo
"tristeza" e "alegria", "guerra" e
"paz", "calar" e "falar", apresentando o choro (a
lamentação) como o par da dança. "Tempo de chorar e tempo de dançar".
Thoinot Arbeau, um clérigo
jesuíta francês que viveu no século XVI, e que ficou conhecido principalmente
pela publicação de um importante manual de dança intitulado Orchesographie (que
significa a escrita da dança), se apropria de Eclesiastes na epígrafe de seu
manual, onde se lê: tempus plangendi, & tempus saltandi (tempo de chorar,
& tempo de dançar).
E aí o professor brasileiro André
Lepecki, no seu livro Exhausting Dance (que infelizmente ainda não foi
traduzido para o português - super indico para quem lê inglês), faz uma análise
muito legal da apropriação de Arbeau sobre a associação entre choro/lamentação
(mourn) e dança (dance) do livro de Eclesiastes. É como se esse conectivo
"&" sugerisse que o tempo de chorar/lamentar está diretamente
ligado ao tempo do homem que dança a presença ausente do coreógrafo, aquele que
escreveu a dança para que outros pudessem ler, interpretar seus signos e
dançar, e que é o objeto de lamentação chorosa do bailarino que dança para
celebrar a vida do coreógrafo, eternamente presente através da coreografia e
ausente "em corpo".
Há nisso uma boa semelhança com
as festividades ritualísticas/religiosas que celebram a vida daqueles que já
morreram, quando os vivos visitam os mortos em seus túmulos para rezar por suas
almas e, principalmente, para que os mortos não sejam esquecidos pelos vivos.
Há nessa comparação uma sugestão da coreografia (o espírito do coreógrafo que
visita e é visitado pelo bailarino) como um dispositivo de presença assombrosa,
mesmo com o desaparecimento do seu autor.
Mas e quando uma dança não é
escrita e seu(s) autore(s) morre(m)? E quando a dança não marca a vida eterna
assombrosa e sim a morte por excesso de dança, por excesso de vida?
Diz a história que em 1518, um
ano antes do nascimento de Arbeau, também na França, aconteceu um caso de
"dançomania", conhecido como Epidemia de Dança, na qual dezenas de
pessoas dançaram dias e dias sem descanso até caírem mortas. Com certeza, essas
danças não tinham muita relação com uma eternização assombrosa, através de uma
criação que seria o dispositivo privilegiado para tempos de chorar e tempos de
dançar, para quem quisesse (e pudesse, já que o bailarino deveria ser capaz não
só de interpretar os signos dessa escrita, mas também de executá-los) celebrar
a vida desses "mestres" ausentes, visitando seus túmulos
coreográficos.
Gravura de Henricus Hondius
Essas danças da morte não
garantiram a eterna presença assombrosa dos autores-vítimas nas vidas daqueles
que decidiriam mais tarde realizar/repetir/reproduzir suas danças, mas, elas
abrem espaço para uma ampla discussão sobre a dança em seus aspectos
"coreógrafico" e "espontâneo", como duas maneiras bastante
distintas de lidar com a vida e a morte na dança. Dançar uma dança “morta” para
celebrar a vida de outro e dançar uma dança “viva” para morrer por excesso.
O historiador de medicina John
Waller escreveu um livro intitulado “A time to dance, a time do die – The extraordinarystory of the dancing plague of 1518” (tempo de dançar, tempo de morrer – a extraordinária
história da epidemia de dança de 1518). Nesse livro, ele propõe que a epidemia
de dança foi o sintoma (um fenômeno psicológico) de uma “doença” que envolvia principalmente o medo
religioso e o desespero social do povo – ela teria sido algo como um último
grande suspiro de vida para dezenas e centenas de pessoas que se viam já mortas,
frente às condições de vida altamente exploradas da pobreza.
A título de curiosidade, vale
lembrar que a tradução do título do livro de André Lepecki
propõe um jogo interessante para "Exhausting Dance", que pode
significar "Dança cansada", "Exaurindo a Dança" e até “Dança
exaustiva”.
Essa é uma boa referência para uma discussão da coreografia como projeto disciplinar da modernidade. As "Spartakiádas" tchecas eram eventos de demonstração de exercícios físicos em massa altamente militarizados, realizados de cinco em cinco anos durante o regime comunista na extinta Tchecoslováquia. Segundo nossa caríssima Wikipédia, a primeira Spartakiáda aconteceu em 1955, como comemoração dos 10 anos da libertação da Tchecoslováquia pelo Exército Vermelho.
Vale uma boa olhada para comparar com outros aparatos de captura de movimento e suas relações históricas com sistemas políticos e econômicos.
As CONVERSAS DE DANÇA têm o prazer de apresentar seu primeiro apoiador. A Tribuna de Petrópolis, um dos mais tradicionais jornais da cidade que desde 1902 atualiza os leitores petropolitanos sobre o que acontece na cidade, no país e no mundo, firmou uma parceria com o evento para potencializar nosso plano de reportagens e divulgações.
Além de notas, matérias e entrevistas, teremos também a possibilidade de alcançar público através da rádio Tribuna FM e das artes de sublimação em camiseta, impressas pela Gráfica Sumaúma, ambas diretamente associadas ao jornal.
Parabéns e obrigado à Tribuna de Petrópolis por esta importante iniciativa para a cultura e as artes na nossa cidade!
Clique na imagem para migrar para a página de Facebook da Tribuna de Petrópolis
Aqui segue uma tradução livre. Cada título é também um link para o respectivo vídeo:
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Top 10 do Youtube, Jan 2011
(Keith Hennessy)
Menestréis do Pop, dominação
corporativa e fantoches adolescentes:
Um rápido olhar para o top 10 dos
sucessos de todos os tempos do Youtube (a partir de 1º de janeiro de 2011)
Eu acabei de assistir ao top dez
de todos os tempos do Youtube, DE MODO QUE VOCÊ NÃO PRECISA FAZÊ-LO (grifo sugestivo do tradutor). Ainda existe
conteúdo DIY (do it yourself – faça
você mesmo) no Youtube, mas o top dez é mais uma história de dominação pelo
maquinário da cultura Pop, construindo e explorando quase que cada clique de acesso
dos adolescentes ao computador global.
Aqui está o link, caso você
queira assistir enquanto lê¹:
Mais de 400 milhões de acessos
para as reproduções banais de xarope de milho heteronormativo (da GMO é claro)
desse fantoche pop. Quem ensina as crianças a repetirem tal porcaria ridícula
do tipo “achei que você seria minha pra sempre”? E não é constrangedor cada vez
que um pop star branco fica tão famoso que eles podem pedir pra praticamente
qualquer (claro que não o Prince ou a Mary ...) artista negro aparecer em seus
vídeos? E o que dizer da punhetação² entre baby J. e seu interesse amoroso, a
levemente mestiça e ainda assim exótica (é claro!) estrela “teen” em ascensão,
Jasmine V.? A guerra dos sexos na dança é, ao mesmo tempo, banal e arquetípica,
e embora seja um momento não representativo, eu gostei bastante da b. girl que
chama para a briga. Mas a punhetação é totalmente desnecessária, irritante de
fato, nas suas implicações de que uma pequena briga é tudo de bom nesse novo
mundo-arco-íris onde todas as cores jogam boliche e dançam hip hop juntas. E
onde a diferença sexual é tanto apagada (garotos e garotas são iguais e não são
diferentes, realmente) quanto reforçada estruturalmente (garotas ainda são não
iguais e bem bem diferentes dos garotos). Uma dinâmica similar de
hegemonia/apagamento (onde não podemos reconhecer a desigualdade de poder,
porque todo mundo parece ser tão legal e amigável) explica a simultaneidade de
unidade racial e supremacia branca codificada em quase cada momento do vídeo.
Porque alguém se anima com a péssima dança do Bieber é algo assombroso. Ah sim,
isso faz sua fofura parecer ainda mais fofa, porque ele é tipo frágil e
sensível e branco e o caralho a quatro. O “status” de melhor amigo do Bieber
vai claro para um jovem negro, o que é reforçado pelo carnaval da dominação big
brother do Ludacris (quem bota quem pra rebolar por cima?³). A imagem final de toques
de mão legais com Ludacris e a saída-de-cena-de-mãozinhas-dadas com a,
repentinamente, clemente e entregue Jasmine V. completa a pobre fantasia do
garoto branco e hétero.
Pergunta: As apropriações do
Bieber de “cantoria” e “tipão” de preto são piores do que os Beatles no início?
Se não, há alguma chance dele tomar ácido, passar um tempo na Índia e surgir
com algo do tipo Revolution 9 ou John’s working class hero?
(Como Justin, eu sou canadense e
nós não deveríamos criticar nosso próprio povo na frente dos americanos. É uma
coisa de canadense, vocês não...)
Notas:
1 - Provavelmente o link está
atualizado e não mostra mais o mesmo conteúdo, mas, apesar de o foco dessa
conversa ser o vídeo “Evolution of Dance”, você pode procurar os outros vídeos
separadamente no Youtube.
2 – Traduzi “pushing” como
punhetação porque tem essa ideia infantil do empurra-empurra de meninos e
meninas que se vêem como clãs rivais.
3 - Referência à letra da música
Block lockdown, do Ludacris: I got permission to put ya mamma in a headlock
(what?) / Eu tenho permissão pra botar sua mãe pra rebolar por cima (o que?) –
daí traduzir “who’s got whom in a headlock?” como “quem bota quem pra rebolar
por cima?”
Mais de 300 milhões de visualizações.
Esse vídeo é bem mais difícil de odiar do que a maquinaria disfarçada pela máscara
do Justin Bieber, apesar de não ser menos estereotipado. Gaga curte brincar com
sua construção social e até geralmente curte lutar contra isso; de qualquer
forma, ela deixa a gente saber que ela ta nessa. Lady G. faz, em cerca de 2
minutos, tudo que a Madonna levou 10 anos pra fazer, descaradamente catando e
referenciando em uma velocidade vertiginosa. Durante os 5 minutos de espetáculo
eu me lembrei da Julia Kristeva (mulher como monstro), Leigh Bowery (os sapatos
e algumas das peças mascaradas), Madonna, cultura de baile (bath haus of gaga),
Marilyn Manson, Michael Jackson (os zumbis de Thriller emergindo das
tumbas/câmaras de bronzeamento artificial), UK latex/rubber SM fashion, Damian
Hirst (excesso de diamantes), RuPaul (walk walk baby – repete).
Pontos a menos por toda a dança
frontal sincronizada que realmente coloca a dança em uma estética pop
reacionária, anacrônica quando situada no contexto das artes visuais e de moda
mais contemporâneas do clipe. E mais pontos a menos pelo Nemiroff e outros produtos
fixados, apesar do puro cinismo dessa merda promocional ser um tipo de húbris
radical que poderia agradar algumas perspectivas.
Mais de 270 milhões de acessos
para a canção oficial da Copa do Mundo de 2010 – o evento de esportes mais
popular do mundo. Outra pessoa constrangedora do tipo branca dançando num
contexto meio africanista. Stuart Derdeyn, do jornal The Province, referiu-se a
Waka Waka como “vômito sônico” (o que poderia também descrever a golfada do
implacável hiper-consumismo capitalista da música de Justin Bieber).
Nascida na Colômbia, descendente
de Europeus e Libaneses, Shakira performa o cidadão universal (branqueado) num
mundo pacífico e harmonioso que de alguma forma respeita e reflete uma África
que os espetáculos da economia mundial dispensaram há muito, como se fosse uma
privada pra sua merda tóxica.
“As pessoas estão aumentando suas
expectativas. Hoje é o seu dia, eu posso sentir. Você construiu o caminho,
acredite. Se você cair, levante-se.”
Waka Waka, baseada em uma música
camaronesa, inclui elementos da música colombiana e afro-caribenha, suportado
por uma banda sul-africana, em uma grande e feliz “papinha para bebê” de música
liberal humanista. O título significa “faça” e tem todo o significado vazio do
slogan da Nike. Esse vídeo/música/propaganda é banal, barato e repetitivo,
demonstrando menos da metade do esforço dos projetos do Paul Simon na África do
Sul. É conveniente que a última linha seja transmitida com o volume diminuindo
para nada: Somos todos África, somos todos África...
Assistir a esse vídeo me dá
esperanças de que algum tipo de valores e inspiração revolucionários são
possíveis com o Youtube e o mercado de massa de livre (alienado, explorado)
conteúdo fornecido pelo consumidor. De verdade. Ver o deleite oprimido de
morder a mão que alimenta. Ver o domador de leões revelar que ele não controla
de fato as mandíbulas do leão, onde ele colocou sua cabeça estúpida. Charlie
mordeu seu dedo e ele fará novamente. Abafados pelos padrões da classe
dominante, os gemidos e risinhos do Charlie expõem o monstro por trás de sua
fachada infantilizada. Uma parábola de um minuto sobre o Império Britânico, ainda
tentando manter o decoro enquanto os selvagens sentam nos seus colos.
Essa é a versão crescida da punhetação
adolescente do Bieber. A punhetação aprimorada como violência frustrada
completa-se com a mulher cuspindo na cara do homem, é claro seguido daquela
flertada vigorosa e ofertas de paz com animaizinhos de pelúcia.
Agora eu sei que dissemos coisas
/ Fizemos coisas / Que não quisemos dizer e fazer
A nós regredimos / Para os mesmos
padrões / Mesma rotina
Mas seu temperamento é tão ruim /
Quanto o meu / Você é como eu
Eminem escreveu essa história
antes. Eu te amo. Eu te odeio. Se você tentar ir embora eu vou amarrar você na
cama e colocar fogo na casa. Eu sei que tenho tendências violentas e que vou
sempre terminar mentindo. Mas parece que ele está em piloto automático aqui, em
falta com aquela fragilidade perigosa que ele representou antes de ser tão
avolumado de corpo e de conta bancária.
Vale à pena exaltar que as
personagens nesse vídeo não são ricas. Elas não vivem em um mundo idealizado de
crianças-unidas-arco-íris. Não há referências à passarela de moda da classe
dominante. A não tem dancinha estúpida. Momento performativo preferido é o
Eminem como pano de fundo pra Rihanna enquanto ela canta o refrão, e ela dança
sozinha atrás do Eminem enquanto ele rima.
Eu tenho uma queda por esse tipo
irado sensível fodido de classe baixa. Eu tenho. Eu acho que poderia rolar
entre a gente. Eu iria acalmar os ânimos dele e ainda dar espaço pra ele pirar.
E ele sabe disso. É por isso que ele flerta com e defende a
viadagem/Elton/Bruno, só pra mostrar pra gente que ele pode, que ele é homem o
suficiente. Tem algo dramático, talentoso e desprezível sobre Eminem e Rihanna
e eu acho que é sexy que seus RPs
(relações públicas) mantêm eles, um do lado do outro, sem qualquer esforço de
mascarar um relacionamento. Essa é a conexão mais honesta que eu vi até agora
nesses primeiros 5 vídeos super-visualizados.
Dois garotinhos brancos jogando vídeo
game são interrompidos quando JB recebe uma ligação do Usher. O que? Então uma
cantoria de merda surge com imagens de uma festa cheia de pré-adolescentes e um
pouco de espuma de carnaval. Eu pulo pra frente, uma garota de shortinho beija
o JB na bochecha. Usher aparece, examina a cena como se fosse uma dama de
companhia. O riquinho olha pra gente, ergue os braços acima da cintura pra
dizer opa, essa merda é de verdade, Usher e eu estamos no topo do mundo. Essa
música e vídeo podem ser xarope melado mas não ofendem como Baby.
Botas de cowboy, carros
americanos, uma aliança arco-íris de mulheres gostosas, uma referência à uma
música do Jay-Z. Uhum é uma festa na América. Isso é música country pop, sob
influência de Britney e fórmula Pop. A penca de estrelas e listras se espalham
para lembrar os conterrâneos de que tá tudo OK, apesar da socialização
multiracial e b.boys acrobáticos contagiantes. Miley Ray Cyrus nasceu Destiny
Hope Cyrus¹ em 1992. De alguma forma isso diz muito.
Notas:
1 – “Destiny Hope” (nome e
sobrenome de Miley Cyrus), literalmente, significam destino/sorte e esperança.
Segundo o Wikipedia, “Ela foi registrada como Destiny Hope porque seus pais
acreditavam que ela iria trazer coisas boas”.
170 milhões de visualizações para
a nova cara recauchutada do Eminem. Que porra é essa? A mesma escultura de
queixo que Michael Jackson tentou vestiu. Eu sinto falta do carão redondo dele.
Ele se olha em vários espelhos e toca seu rosto, e pensa sobre o que está
acontecendo. Tá bom. Então ele se lança contra o espelho, mas não rola uma
libertação/transformação de Tommy, apesar da sequência de vôo em CG (computação
gráfica) que segue. Eminem está sozinho aqui, não há mulher para culpar ou para
se envergonhar, não há pobreza ou falta de poder para falar mal.
Parecendo mais com Bieber ou
Cyrus do que Eminem, o refrão vomita lindamente: “Eu não tenho medo de me
posicionar. Segura minha mão. Você não está sozinho”. Essa cagada pop insulta o
poema que uma vez foi uma ira que valia a pena reconhecer.
E enquanto vou sendo nostálgico,
eu perco de vista o tempo em que os vídeos mais visualizados do Youtube eram
quase todos vídeos de dançarinos em um único take. Laipply é uma estrela original do Youtube e eu fico feliz em
vê-lo ainda no top 10 com 160 milhões de visualizações. Eu apostaria que mais
pessoas viram “The Evolution of Dance” do que os outros vídeos, assistidos
repetidamente por pré-adolescentes conformistas que sabem que cada vez que eles
clicam em repetir, eles estão bombando os números.
A dança do Laipply é um deleite.
Nós somos supreendidos por um cara branco e careca, robusto o suficiente para
fazer a gente pensar que ele não tem rebolado, muito menos um puta senso de
humor e um estilo sem vergonha. Ele é um cara qualquer abordando a cultura pop
com uma ironia que falta e muito no resto dos vídeos dessa lista. É importante
que ele se recuse a dançar a Macarena, mas que deixe a música tocar o
suficiente pra nos lembrar que não estamos imunes ao seu contágio. Em sua
personificação brincalhona, a imitação é menos representação e apropriação, e
mais uma leve citação crítica. Eu quero dizer que não é uma dança e comédia
incrível, só que não é uma merda e, de alguma forma é muito bom, falando
contextualmente.
Os maiores peitos no top 10. E
provavelmente o vídeo menos visto por suburbanas brancas nos EUA. Calle Ocho é
uma balada bilíngüe e repetitiva (refrão: eu sei que você me quer, você sabe
que eu te quero) com estilos de gangsta rap (peitos, camas ostensivas, peitos,
papaizão). Misturando algumas fórmulas e samplers
de sucesso de várias fontes, o corpo dessa música é pipocante e divertido. Eu
dançaria essa música numa festa e aposto que a maioria de vocês também. Exceto
pelos peitos e pelo papaizão, esse vídeo não tem muita coisa. Às vezes o
gráfico de uma bandeira cubana cruza a tela.
Calle Ocho é uma rua famosíssima
em Little Havana, bairro de Miami. Pitbull é um rapper americano com pais
cubanos que supostamente revelaram o pequeno bull (Armando – seu verdadeiro nome) à poesia revolucionária de
José Martí. Os créditos de não-classe-média
do Pit incluem tempo em abrigo de menores e tráfico de drogas na adolescência.
Ele diz que um pitbull é muito bronco para perder, e é proibido no condado de
Dade-Miami, assim como ele.
Eu não conhecia esse artista
antes disso aqui. Eu já tinha ouvido falar de Bieber, Cyrus e Shakira, mas
nunca os tinha ouvido/visto. Um pouco de Wikipédia vai longe. Eu levei 3 horas
para assistir a esses vídeos e escrever estas 2000 palavras.
Essa semana, dando uma passeada pela Nova Jerusalém 2.0, cruzei com um artigo da professora e crítica de dança Helena Katz, que acho que faz uma conversa super legal com o que a gente tá humildemente tentando colocar em prática com as "Conversas de Dança". Vale a pena ler e refletir bastaaaaante sobre nossas propostas pra fazer dança e arte.
Olá a todos! Então é o seguinte,
o nosso evento foi intitulado de “Conversas de Dança” exatamente porque apesar
dele estar inserido numa estrutura de festival, a gente tá interessado também em
um tipo de experiência que extrapole as lógicas e os modos de fazer dos festivais
e como estes geralmente vêm sendo pensados e desenvolvidos.
Isso não é um festival.
Se bem que, como esse ano o
Festival Dançar por Dançar não poderá ser realizado e nós vamos concentrar as
forças todas nas “conversas”, podemos até dizer que sim, será um festival, mas no
sentido de uma experiência de celebrar momentos de espontaneidade, de alegria,
de comunidade e, acima de tudo, de produção partilhada de conhecimentos e
saberes.
Isso é um festival.
E pra começar a nossa pequena
grande festa de conversas que vai ter seu ápice em 14 e 15 de Dezembro, vamos
usar esse espaço aqui (Blog e Facebook) pra propor outras conversas: um vídeo
do Youtube que conversa com um texto filosófico que conversa com a capa um de disco
de música Pop que conversa com uma peça de roupa que conversa com um modo de
criação que conversa com aquela dança que conversa com você e comigo e com quem
mais quiser chegar.
Conversa de hoje: o projeto “Re:
Rosas!”, das companhias Rosas e fABULEUS. Olha que projeto legal que vem sendo realizado
a partir da coreografia de “Rosas danst Rosas”, peça criada em 1982 pela coreógrafa e bailarina Anne
Teresa De Keersmaeker.
Boa conversa e não se esqueça de compartilhar sua experiência com a gente!
E aí pessoal! É com grande prazer e entusiasmo que apresentamos as “Conversas
de Dança”, o novo evento-recorte do já tradicional Festival Dançar por Dançar,
que foi criado em Petrópolis em 1987, interrompido em 1992 e retomado e
reeditado em 2010, com uma nova equipe, já tendo sido realizado em mais 3
edições, sem quaisquer subsídios públicos ou privados.
Para o ano de 2013, fomos contemplados com um pequeno financiamento da
Fundação de Cultura e Turismo de Petrópolis que, apesar de ser insuficiente
para a realização do festival em seu formato integral, nos permitiu projetar
essa importante iniciativa para o desenvolvimento da dança na cidade de
Petrópolis.
Portanto, sejam bem vindos e aproveitem as diferentes ferramentas que
disponibilizamos para que você esteja sempre em contato e atualizado. Siga o
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